quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Antropomorfismo na metafísica.

Por mais abstrato que o nosso pensar é (ou alcança), não conseguimos fugir do nosso fixo modo de compreender. Na antiguidade tínhamos deuses antropomórficos, nós permitíamos que nossas características fujissem do nosso viver, do nosso dia-a-dia, e se instalassem em nossas próprias ideias.
Permitíamos ? Será que nosso pensamento evoluiu ao ponto de não contaminarmos nossas ideias com nossas experiências físicas ? Eis que não. Como exigimos explicações exigimos verdades, mas como se não bastasse explicações, exigimos verdades que se encaixem nos nossos padrões da percepção, do que é palpável, nos padrões das verdades que nos convencem.
Até procurando entrar no abstrato, exigimos explicações que se encaixem em nossa razão, porém não a razão mais pura no sentido de "fazer sentido", mas uma razão que possa ser tocada, provada e que se encaixe em nossas percepções físicas, uma razão de cunho empírico, como ter início, meio e fim.
É claro que nossa mente não suporta todas as percepções de tudo, nem nossa linguagem tem competência para descrever todas as sensações e sentimentos que já foram vividos ou sentidos ao longo de nossa vida. Nossa mente não suporta todas as percepções nem no mundo da Physis, quem dirá no plano da Meta Physis ? Como podemos exigir que as questões da metafísica sejam respondidas nos moldes de perguntas do plano da Physis ? Como podemos explicar a existência de almas, uma essência individual, sem ir além do pensamento fechado do plano físico ?
É essa necessidade de adequar o abstrato, o extrassensorial às nossas percepções do concreto, como adequar quanto: a aparência, cor, início, fim, finalidade, propósito, massa, volume, densidade, entre outras tantas. É essa necessidade de explicar o extrassensível padronizando quanto às nossas percepções ínfimas (que são esses padrões), que é o antropomorfismo na metafísica.

Jorge Madoz

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